Polônia aciona Artigo 4 da OTAN após drones russos invadirem espaço aéreo.
- Guarujá News Tv
- há 1 dia
- 3 min de leitura
A Polônia anunciou nesta quarta-feira (10) a ativação do Artigo 4 do Tratado do Atlântico Norte, mecanismo que prevê consultas imediatas entre os membros da OTAN quando um dos aliados se sente ameaçado. A medida foi adotada após a entrada de drones russos no espaço aéreo polonês durante ataques em larga escala contra a Ucrânia, na noite de terça-feira (9).
Segundo as Forças Armadas polonesas, pelo menos 19 drones foram detectados nas proximidades da fronteira, três deles confirmadamente abatidos. Um quarto aparelho teria sido neutralizado, mas ainda sem confirmação oficial. O episódio provocou o fechamento temporário de aeroportos em Varsóvia e em outras cidades estratégicas, como Rzeszów, além do acionamento imediato das defesas aéreas.

Reação militar e coordenação com aliados
A operação de resposta contou não apenas com caças F-16 poloneses, mas também com apoio aéreo da aliança. Caças F-35 da Holanda e aeronaves de vigilância AWACS da Itália auxiliaram no monitoramento e na interceptação. Foi a primeira vez, desde o início da guerra na Ucrânia em 2022, que a OTAN reconheceu ter abatido drones russos em território de um país-membro.
O primeiro-ministro Donald Tusk classificou o incidente como “a mais grave ameaça à segurança polonesa desde a Segunda Guerra Mundial”. Em pronunciamento, ele afirmou que a violação não se limita a um ataque isolado contra a Polônia, mas representa um risco direto à segurança europeia:
“O que ocorreu não é apenas uma agressão contra a Polônia, mas uma provocação que coloca em xeque toda a estrutura de defesa da Europa.”
O que significa acionar o Artigo 4?
O Artigo 4 da OTAN permite que qualquer país membro convoque uma reunião emergencial quando sua integridade territorial ou segurança estiver em risco. Diferentemente do Artigo 5, que obriga todos os aliados a reagirem militarmente a um ataque contra um deles, o Artigo 4 abre espaço para consultas diplomáticas, coordenação de estratégias e medidas de dissuasão.
Desde 1949, o dispositivo foi utilizado apenas sete vezes, em momentos de grave instabilidade internacional. A invocação pela Polônia reforça o clima de alerta no bloco e pode acelerar discussões sobre novas sanções à Rússia e fortalecimento da presença militar no leste europeu.
Escalada de tensões
O episódio aumenta o temor de que a guerra na Ucrânia ultrapasse de vez as fronteiras do país invadido. Para especialistas em segurança internacional, a derrubada de drones por forças da OTAN representa um marco perigoso, pois cria a possibilidade de confronto direto entre Rússia e aliança atlântica.
Governos da Alemanha, França e Estados Unidos manifestaram solidariedade à Polônia e confirmaram participação nas consultas em Bruxelas. O presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou que “qualquer ataque contra um aliado será levado a sério” e que Washington está pronto para “defender cada centímetro do território da OTAN”.
Enquanto isso, o Kremlin ainda não comentou oficialmente a acusação de invasão do espaço aéreo polonês. Analistas avaliam que Moscou pode tentar minimizar o episódio para evitar um agravamento imediato do conflito.
Impacto regional
A região leste da Polônia, próxima à Ucrânia, tornou-se nos últimos anos um ponto estratégico para o envio de armas e suprimentos militares de aliados ocidentais ao governo ucraniano. A cidade de Rzeszów, em especial, funciona como principal hub logístico da OTAN.
A presença de drones russos nessa área sensível eleva a percepção de vulnerabilidade e reforça a necessidade de proteção da infraestrutura militar e civil da região.
O próximo passo
Representantes dos 32 países da OTAN estão reunidos em caráter emergencial em Bruxelas para definir uma resposta coordenada. Embora não haja consenso sobre ações militares imediatas, cresce a pressão para ampliar a defesa aérea coletiva e reforçar tropas na fronteira oriental.
O desenrolar das próximas horas será determinante para medir até onde a aliança está disposta a ir diante da provocação russa. Para especialistas, a reunião pode se tornar um dos momentos mais críticos da OTAN desde a Guerra Fria.
Comentários