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Investigação revela compra milionária de artigos de luxo e esquema de lavagem com motéis ligados ao PCC em São Paulo.

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    Portal de Notícias - GNTV
  • 25 de set.
  • 3 min de leitura
Foto: Divulgação/Receita Federal
Foto: Divulgação/Receita Federal

Uma nova operação deflagrada nesta quinta-feira em São Paulo levantou suspeitas sobre a utilização de motéis como instrumentos de ocultação de patrimônio por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Investigações conduzidas pela Receita Federal e pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) apontam que uma rede de aproximadamente 60 motéis operava em nomes de “laranjas” para canalizar recursos ilícitos — todos dentro de um esquema que também envolvia aquisição de bens de alto valor.


Os valores trazidos à tona impressionam: entre 2020 e 2024, esses motéis movimentaram cerca de R$ 450 milhões, segundo relatos das autoridades. Ao mesmo tempo, os investigados adquiriram uma série de bens de luxo: destaque para um iate de 23 metros, dois helicópteros (incluindo um modelo Augusta A109E), um veículo Lamborghini Urus e terrenos avaliados em mais de R$ 20 milhões. Esses ativos, contudo, representariam apenas algo em torno de 10% de todo o patrimônio da organização, segundo as autoridades.


O esquema foi desarticulado por meio da operação batizada de Spare, que sucede e complementa outra operação recente chamada Carbono Oculto, relacionada ao setor de combustíveis. A Operação Spare abrange mandados de busca e apreensão em diversos pontos do Estado, inclusive na Avenida Paulista — onde funcionaria a empresa Athena Intermediações, apontada como parte da estrutura investigada.


A investigação teve início a partir da apreensão de máquinas de cartão usadas em pontos de jogos clandestinos no litoral, especialmente em Santos, com vínculos suspeitos a postos de combustíveis. Ao cruzar os dados financeiros, os investigadores identificaram transferências para uma fintech chamada BK Bank — canal utilizado para ocultar a origem ilícita dos recursos e disfarçar sua destinação. Essa mesma fintech já havia sido identificada como parte de operações anteriores do tipo.

Foto: Divulgação/Receita Federal.
Foto: Divulgação/Receita Federal.

Nas apurações, emergiu a figura de, “Flavinho”, Flávio Silvério Siqueira como um dos principais líderes do esquema. Ele é apontado como operador de lavagem de dinheiro que atuava há décadas no setor de combustíveis. Segundo o MPSP, ele e seus associados mantinham uma extensa teia de empresas, motéis, postos de combustíveis e franquias, muitas vezes com contabilidade paralela para dificultar o rastreamento. Entre 2020 e 2024, somente os postos ativos sob influência do grupo movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões, mas recolheram apenas cerca de R$ 4,5 milhões em impostos — o que corresponde a meros 0,1 % do total movimentado.


Os motéis, além de canalizar recursos, eram instrumentos de distribuição de lucros entre os envolvidos. Um dos estabelecimentos chegou a repassar 64 % da receita bruta declarada aos “donos” do esquema. Além disso, alguns imóveis foram adquiridos com valores milionários: um negócio chegou a envolver imóvel de R$ 1,8 milhão, outro de R$ 5 milhões, tudo vinculado a empresas hoteleiras associadas ao esquema.


Para realizar tais transações, os investigados faziam uso de Sociedades em Conta de Participação (SCPs), que permitiam dissimular a identidade dos sócios e dificultar a identificação dos verdadeiros beneficiários. Também foram constatadas conexões diretas entre integrantes da Operação Spare e alvos das operações Carbono Oculto e Rei do Crime, seja por meio de transações comerciais conjuntas, uso de aeronaves em comum ou viagens internacionais.


A operação mobiliza uma força-tarefa que reúne órgãos como o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Receita Federal, Polícia Militar, Secretaria da Fazenda de SP e a Procuradoria-Geral do Estado. Ao todo, participam 64 agentes da Receita, 28 promotores e cerca de 100 policiais.


O nome “Spare” — termo usado no boliche para derrubar todos os pinos em duas jogadas — simboliza o caráter complementar da operação em relação à Carbono Oculto: ambas visam atacar estruturas distintas, mas interligadas, usadas para desviar e lavar dinheiro do crime organizado.


A investigação segue em curso e pode trazer novos desdobramentos, tanto em comunicações judiciais quanto em prisões, bloqueios de bens e identificação de pessoas que atuavam nos bastidores do esquema

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